Aviso

Peço desculpas pela bagunça que está o Afins em Palavras.

Eu, Lucas Saldanha (Perdoados) e Adir Jr. (Do Canto de Cá) estamos agora em um novo “projeto”: vamos passar a realizar 2 publicações semanais no Perdoados.

Portanto, se você veio parar aqui, fique à vontade de olhar os posts antigos mas não deixe de visitar o Perdoados.

Que Deus abençoe a todos vocês!

Gabriel Saldanha.

Disciplina

Após um longo tempo sem escrever, resolvi tomar uma iniciativa em um calmo Domingo à tarde.

Inspirado na mensagem do pregador americano Paul Washer, decidi escrever sobre disciplina: a disciplina de Deus. Antes mesmo de você começar a ler, tenha em mente que eu posso cometer equívocos apesar de tentar me basear o máximo possível na Bíblia.

Primeiramente, acho que muitos de nós crescemos com a ideia de um Deus que não castiga. Acredito que esta é uma ideia precipitada e que gera diversas contradições. Eu não estou pondo à prova a misericórdia de Deus, mas acredito que Ele, como Pai, castiga – disciplina – os seus filhos, instruindo-os ao caminho certo. A palavra disciplina vem do latim “discipulus”, e significa “aquele que aprende”. Uma de suas definições segundo o Wikipédia é “instruir, educar, treinar, dando ideia de modelagem total de caráter“.

Essa é exatamente a modelagem que Deus pretende fazer – e tem feito – com seus filhos. Ele nos disciplina para que tenhamos um caráter como o dEle. Seguem dois versículos sobre disciplina:

“Saberás, pois, no teu coração que, como um homem corrige a seu filho, assim te corrige o Senhor teu Deus.” (Dt. 8:5)

E mais:

“Eu repreendo e castigo a todos quanto amo: sê pois zeloso, e arrepende-te.” (Ap. 3:19)

É bem simples quando conhecemos e compreendemos a Deus como um Pai: vendo que Seu filho não está seguindo o rumo certo, Ele vai discipliná-lo, não por estar com raiva dele, mas unicamente por amor.

Ao contrário do que muitos pensam: Deus apenas não disciplina àqueles que O rejeitam. E não ser disciplinado por Deus é um dos piores castigos que pode existir para alguém. É como dizer a Deus: “Deus, não me mude, estou muito bem assim”. Isso pode ser observado na Bíblia na história de Jacó e Esaú, por exemplo.

“Como está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú.” (Rm.9: 13)

Primeiro vamos ao caso de Esaú: o que foi esse ódio de Deus por Esaú? Na Bíblia, quando Jacó vai se encontrar com Esaú, este possui muitos bens, tanto que não aceita os presentes trazidos por seu irmão. Pode-se dizer que Esaú teve uma vida abençoada por Deus. Então, o que era esse ódio de Deus? Eu acredito que o ódio de Deus por Esaú foi exatamente não tê-lo disciplinado.

Enquanto Deus fazia algo maravilhoso em Jacó, transformando-o de “aquele que segura pelo calcanhar” em “aquele que lutou com Deus”, pai das doze tribos de Israel, Esaú não foi disciplinado, não passou por uma “modelagem total de caráter”, continuou sendo… Esaú.

Diversos outros personagens bíblicos “sofreram” a disciplina divina, e foram transformados em grandes servos de Deus: Moisés, José, Paulo, dentre muitos outros.

Minha intenção com essa postagem é fazer com que vocês entendam que Deus disciplina a quem Ele ama, visando o bem de Seus filhos, para que eles possam passar por uma modelagem de caráter, assumindo um caráter cada vez mais parecido com o do Pai.

Fiquem com Deus! 🙂

Angústia

Acordo mais uma vez durante a madrugada para receber a minha diária visita noturna.

Tão conhecidas e íntimas de mim, sempre estão presentes nos momentos de tristeza e em alguns raros de alegria. Não precisam nem mais de convite, aparecem de repente e assim somem, desaparecem, sem que os outros percebam.

Sinto uma pequena poça d’água morna se formar sob minha cabeça. Estranho como eu fico parado enquanto choro, nos filmes as pessoas sempre soluçam e fazem caretas, eu apenas espero e as lágrimas rolam pelo meu rosto, contornam minha nuca e acabam em meu travesseiro… É sempre assim…

O pior não são as lágrimas, mas o que as trouxeram. O que não me preocupou durante o dia, vem à noite.

Após a relutância que eu tenho contra mim mesmo, eu sempre chego onde não quero: coração. Posso lutar o quanto for, mas sempre meu pensamento consegue ir para o que guardo em meu coração, e eu não gosto nem um pouco de ter que me encontrar com a maioria das coisas que se estão lá. “Socorro!”, grito sem emitir som. Ninguém responde. Nunca há alguém para me responder.

Uma cachoeira de lágrimas e sentimentos vêm sobre mim. Insuportável seria uma boa palavra para descrever como me sinto, mas eu consigo suportar. Para ser sincero, eu suporto muito bem. Suporto, não enfrento.

Durante o dia é muito fácil, basta ignorar como alguém que esconde a poeira embaixo do tapete: sabe que ela está lá, mas nunca a olha. Entretanto, às vezes a poeira resolve aparecer, como que me pedindo para dar uma espiada, e a minha curiosidade não me deixa sair sem saber como está a situação. Então começa tudo outra vez…

Logo as lágrimas se vão, deixando seu rastro.

A angústia é empurrada para algum lugar sombrio.

E o sono volta com força, indignado por ter sido expulso.

.::Bate-bate::.

carrinho– Trrrrrrriiiiiiiiiiiiiiimmmmmm! Trrrrrrrrrrrriiiiiiiiimmmmm! – era o despertador gritando para que seu Andrade levantasse.

Andrade, pai solteiro na casa dos quarenta, resolveu abrir mão do feriado de São Jorge para cumprir uma promessa: levar sua filha, Mel, ao carrinho de bate-bate do Campo de  São Bento.

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Páscoa – Ato II: Silêncio.

Era como acordar de um sonho perfeito para uma realidade sombria.

Todo aquele tempo em que Ele viveu entre nós se resumiu a isso?

Esse era O Messias?! O Ungido?! Aquele que estava para vir?!

Estava tudo acabado: ao longo de 3 anos nossos corações foram sendo incendiados por Suas palavras dia após dia e de repente foram transformados em cinzas, assim como nossas esperanças.

Onde estava a Grande Libertação profetizada?

Nós não temos mais o que seguir. Nossos caminhos foram bloqueados pela Morte.

Sobre nós paira uma grande tristeza que ninguém é capaz de exprimir com palavras, ela está visível em nossos olhos.

Talvez os fariseus estivessem certos… Ele poderia não ser O Messias, O Cristo… Ele poderia ser apenas algum sábio com uma boa oratória e um pleno conhecimento das Escrituras. Afinal, Ele era filho de um carpinteiro.

Ou melhor: ele.

Um vazio assola nossos irmãos, e permanecemos em silêncio a esperar… Em uma espera sem esperança, os tolos acalmam seus sentimentos.

Em silêncio permanecemos.

Em silêncio permaneceremos.

Em silêncio nos conformamos.

Em silêncio… desistimos.

Páscoa – Ato I: Morte.

Eu estava lá, mas não compreendia por que aquilo estava acontecendo: aquilo era a justiça?

cross

Ele não havia feito nada de errado… Muito pelo contrário: as Suas palavras traziam liberdade e uma nova visão do mundo, das pessoas e de Deus. Ele realmente conhecia Deus, e veio apresentá-lo de um jeito tão diferente, tão… pessoal.

Mesmo com tudo o que Ele falava e fazia, as pessoas O condenaram. As mesmas que foram curadas por Suas mãos e libertadas por Suas palavras, que comeram pães e peixes ao seu lado, que partilharam de Sua mesa…

E lá estava Ele, carregando uma cruz, sendo escarnecido, humilhado, torturado e massacrado por aqueles a quem tanto amou.

“A luz resplandeceu em meio as trevas, mas as trevas não a compreenderam.”

Continuei acompanhando a longa e árdua subida até o Gólgota. Gostaria de poder ajudá-Lo, mas eu não tinha coragem… O que os outros achariam de mim? Que estou ajudando um traidor? Mas eu sabia que Ele não era um traidor e…

Quando percebi, Ele estava preso à uma cruz. Levantado para todos O enxergarem. Sobre Ele estava escrito “Rei dos Judeus”, o que ninguém teve coragem de retirar. Sob Ele estavam todos aqueles que o seguiram mas que não puderam impedir Sua morte. Ele escolheu morrer.

O véu rasgou.

A Terra tremeu.

O Sol escureceu.

O silêncio surgiu.

A Morte reinou.

Vindouros tempos remotos

Houve um tempo… há muito tempo… Um tempo já quase esquecido pela minha memória… Um tempo em que eu ainda ouvia Sua voz.

Ah!, e que voz! Mais suave que o farfalhar do vento nas folhas de uma grande árvore; mais poderosa que o ribombar de um trovão! Doce como gotejar de mel nos lábios…

Mas isso foi há muito tempo.

Lembro-me de poucos detalhes daqueles dias nos quais eu passava horas Contigo, sorrindo, cantando, conversando, quieto, dançando, chorando… Era engraçado tentar compreender aquelas lágrimas: quando eu notava, lá estavam elas caindo pelo meu rosto sem me pedirem permissão!

Mas isso foi há muito tempo.

E como esquecer do meu coração quebrantado? Eu partilhava tão facilmente meus sentimentos Contigo, e Tu também partilhavas os Teus comigo… Tudo era tão bom.

Como era diferente aquela sensação. Nunca a havia encontrado em nenhum lugar, mesmo tendo procurado em tantos lugares: igrejas, amigos, escola…

Mas em meu quarto eu a encontrei.

Entretanto,  o tempo se passou e meu coração enrijeceu. Frio. Duro. Resistente à qualquer interferência Sua. Por opção, medo, vontade, gosto, prazer, orgulho? Eu não sei. Sinceramente, não entendo o porquê.

Então, conforme o tempo passou, me encontrei cada vez mais distante de Você, poucos eram os momentos que eu Te encontrava, ou melhor, Te procurava. Foi como uma amizade antiga onde dois amigos tiveram que se separar após alguns anos de convívio. A diferença é que, no meu caso, Um deles permaneceu constantemente buscando ao outro.

E não era eu quem buscava.

E assim permaneces a buscar-me, insistentemente, e me encontras… O que me resta? Percebê-Lo, pois, como eu disse:o tempo se passou e meu coração enrijeceu. Frio. Duro. Resistente à qualquer interferência Sua.

A Promessa

Há uma Promessa.

Uma Promessa para toda a Igreja.

Toda.

Alguns a esquecem, outros a ignoram, outros nem ao menos sabem sobre ela…

Mas há alguns… Alguns que acreditam nessa Promessa de tal forma, que todo o resto não passa de uma ilusão…

Por isso, esses alguns, mesmo com tantas adversidades, perseveram…

Se eles desanimam? Sim, diversas  vezes. Porém, nessas horas, eles se relembram mais uma vez da Promessa, e mais importante do que isso, de Quem a fez.

Eles continuam crendo que Aquele que a fez é fiel para cumpri-la, e de que a hora disso está próxima.

Segundo a Palavra de Deus, Jesus não pôde fazer muitos milagres em Nazaré por causa da incredulidade das pessoas.

Portanto, esses que ainda crêem na Promessa, cantam em uníssono: “Eis aqui os que crêem”.

Eis aqui os que crêem… Os que crêem na Tua Promessa.

Que Promessa? A de que Ele virá. E com Sua vinda, Seu Espírito também virá sobre toda a Igreja. Toda.

Creiam.

Eis aqui os que crêem. Essa deve ser a sua canção, a minha canção, a Nossa canção, Igreja.

Desperta.

“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem.” (Hb. 11:1)

Segue uma música para relembrá-los um pouco dessa Promessa:

“E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões.

E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito.

E mostrarei prodígios no céu, e na terra, sangue e fogo, e colunas de fumaça.

O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do SENHOR.

E há de ser que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim como disse o SENHOR, e entre os sobreviventes, aqueles que o SENHOR chamar.” (Joel 2: 28 – 32)

Entre coelhos e cordeiros…

Alguns atribuem o significado da Páscoa ao chocolate, ou melhor, ovos de chocolate. Não é necessário falar que a Páscoa está longe de ser isso.

Já outros, afirmam que a Páscoa trata-se da ressurreição de Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus. E  outros falam que trata-se de Sua morte…

Porém, a Páscoa na verdade é uma festa judaica que celebra a libertação do povo hebreu que estava sob o domínio egípcio (sim, época de Moisés). A morte e a ressurreição de Cristo ocorreu durante essa celebração, mas não foi o que a inaugurou.

Ouvi certa vez, alguém comentar que “o significado da Páscoa mudou, com a vinda de Cristo”. Eu, sinceramente, não acredito que tenha mudado o significado da Páscoa, mas digamos que sua repercussão nas pessoas, sim.

Primeiro, eu vejo o significado verdadeiro da Páscoa como “Libertação”. Então, fica a pergunta: “Mas e a Páscoa relacionada a Cristo, foi a ‘libertação’ do que?”

Bem, para o povo judeu (inclusive para os apóstolos) Jesus Cristo viria como um grande guerreiro, líder, que acabaria com o domínio romano. Entretanto, Ele veio como o filho de um carpinteiro, para servir, e se auto-intitulava “Filho do Homem”. “E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam”, foi isso o que aconteceu. O povo não compreendia que a verdadeira batalha que Jesus enfrentaria seria na cruz, contra a Morte.

E essa batalha Ele decidiu enfrentar e venceu por nós. E por meio dessa batalha, sim, ocorreu a verdadeira ‘Libertação’. A libertação da Morte, a libertação do pecado, a libertação da condenação, a libertação de qualquer obstáculo que nos impedia antes de conhecer a Deus e experimentar o Seu infinito e perfeito Amor. Essa foi a missão de Cristo: nos libertar da Morte para a vida!

É uma pena ver que tantos ainda insistem, mesmo depois de Cristo ter oferecido Sua vida para libertá-los, em se prender ao pecado e à Morte. Insistem em negar a cruz. Insistem em negar o perdão. Insistem em não reconhecer e viver à Luz.

“E a Luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.

Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João.

Este veio para testemunho, para que testificasse da Luz, para que todos cressem por ele.

Não era ele a Luz, mas para que testificasse da Luz.

Ali estava a Luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo.

Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu.

Veio para o que era Seu, e os Seus não o receberam.”

(João 1: 5 – 11)

E essa foi a Luz que foi crucificada para nos libertar das trevas no dia da “Libertação”: a Páscoa.

Uma Páscoa constante para vocês,

G. Saldanha.

Personas

Eu uso uma máscara.

Uso-a há tanto tempo…

Por tanto tempo…

Que chega a ser difícil distinguí-la de minha face.

Ela me completa.

Eu preciso dela!

As pessoas me conhecem por ela.

O que eu sou, devo a ela.

Oh, máscara!

Não me abandone!

Como poderei ser reconhecido sem você,

Se nem eu me reconheço mais?!

Todos adoram minha máscara.

Por isso eu tento provar a mim mesmo que ela não é uma máscara,

Mas, sim, o que eu sou.

Infelizmente não consigo me enganar…

Porém, há Um que diz:

– Tire-a!

Eu digo que não posso, mas Ele apenas repete com mais força:

– Tire-a!

Ele insiste em pedir para eu retirar minha máscara,

E diante dEle eu reconheço que não faz sentido usá-la.

Ele sabe muito bem, melhor do que eu…

Ele sabe o que se encontra por trás da máscara.

Ele apela mais uma vez:

– Tire-a!

E eu continuo a insistir:

– Não!

Dois desejos passam por minha cabeça:

Abandonar essa maldita máscara,

Ou me agarrar a ela para sempre.

Mas o desejo dEle é constante:

Ele continua a pedir para eu retirá-la.

Até que eu crio coragem e tento arrancá-la…

Percebo que não consigo tirá-la.

Ela está presa em mim.

Em profunda angústia imploro:

– Por favor! Liberte-me dela!

Com um gesto suave, quase amoroso,

Ele se inclina, olha em meus olhos e diz:

– Eu já o libertei.

Nesse momento a máscara vai ao chão, em pedaços.

Então, eu me sinto livre.

Uma brisa suave bate em meu rosto…

Me sinto exposto, porém não mais envergonhado.

Começo a descobrir que em sou,

Não ao olhar para mim mesmo:

Mas ao olhar para Ele…